[TREINAMENTO] Arena de Curta Distância

tdo not be shy with the heat, it will not be this way that you will melt.

I. combate corpo-a-corpo

Quando o filho de Fobos foi a buscar, Violett estava tentando prender da melhor maneira os cabelos; mas havia sua franjinha, que fazia ser impossível prendê-lo de maneira firme. Ele a olhou com uma superioridade irritante e amedrontadora, troncando umas palavras nada gentis que fizeram Violett querer chutar a cara dele, ou morder seu braço. Tudo, menos o acompanhar em direção a área de treinos. Não poderiam arranjá-la um instrutor melhor? Nada parecia colaborar com ela ultimamente.

Violett ainda não conhecia bem o lugar, então deixou que ele a guiasse para uma área desconhecida, que parecia uma arena pequena de treino. — Observe o que vou fazer. E repita – ele disse. Vee caminhou para o lado dele, de frente para um grande baú de madeira perto do arsenal de armas. Ele tirou de lá bandagens para treinos, as quais começou a enrolar nos punhos, pulsos e panturrilhas. Era uma tarefa simples. Àquela altura, enrolar ataduras em si mesma já era algo normal. Quando terminaram, eles se direcionaram a uma pequena arena circular e acochada onde tinha sacos de pancadas, bonecos e outros instrumentos de treino.

— Ande, venha cá – o rapaz segurou os ombros magros dela e a posicionou de frente para ele. Era um pouco mais alto que Violett, mas parecia ser um gigante. — Vamos começar com o básico, sua postura, sua força e etc. Agora fique em posição - Violett o imitou. Endireitou a coluna e separou levemente os pés, deixando um na frente. Ergueu os punhos, com o mesmo esquema que os pés. O filho de Fobos se aproximou dela com um olhar gelado e analisador que varreu seu corpo da cabeça aos pés. Ele se agachou ao lado de Violett e flexionou mais seus joelhos. — Assim você terá mais liberdade para atacar e se defender do inimigo, não fique rígida, principalmente nas articulações - Violett  acenou com a cabeça em forma de responder que havia entendido.

As mãos dele seguraram seus pulsos o posicionando de forma correta, deixando um na altura do rosto mais a frente e o outro quase na lateral do seu rosto, na altura do nariz. — Evite que os polegares fiquem pra dentro, causará mais dor. Você não pode se esquecer que seu corpo é um só, não pode movimentar apenas os punhos e deixar as pernas paradas, ou vice-versa. Tem que trabalhar todos juntos e utiliza-los na melhor maneira; seja rápida e siga seus reflexos.

O instrutor a conduziu até um boneco; seu tamanho era razoavelmente humano, talvez fosse maior que ela por uns cinco centímetros. — Tente dar alguns chutes — encorajou o treinador. Hesitante, se aproximou do boneco. Não sabia o que fazer. Tipo, chutar não é um trabalho muito difícil, mas provavelmente seu chute não faria nem cócegas em alguém. Se posicionou e jogou a perna direita contra a lateral do boneco. O chute saiu totalmente desregulado, de forma que ela perdeu o equilíbrio assim que chutou o boneco e voltou a colocar o pé no chão; dois passos para trás foram suficientes para que voltasse com seu equilíbrio.

— Isso aconteceu por dois motivos: 1) Você estava perto demais do boneco e não teve espaço para o golpe e 2) Você tem que harmonizar seu corpo de forma que ele trabalhe junto com sua perna; tente girar seu corpo junto com a perna, o levando junto. Desta forma - em câmera lenta, o rapaz aplicou um chute na lateral do boneco com suas próprias instruções. Ele refez o movimento e logo em seguida Violett tentou reproduzir seus movimentos lentamente antes de aplica-lo numa velocidade normal. Separou novamente os pés, colocou os punhos em frente ao rosto e olhou para o boneco esquisito. Ao levantar a perna direita novamente, girou seu corpo junto, seu pé que permanecia no chão deslizou para o lado, o quadril se ajeitou de uma maneira que favorecia o golpe. Ao voltar com o pé no chão seu corpo automaticamente seguiu o movimento de voltar para o mesmo lugar. Não era tão difícil assim. Considerando que aquele movimento era o mais pateticamente dos fáceis numa luta. Havia visto outras pessoas fazendo muito mais.

— Não foi um fracasso total. Tente novamente - e assim fez, chutou o boneco mais uma vez, se endireitou no lugar e tentou novamente. O rapaz corrigiu sua postura que já estava começando a deixar a desejar, e ela repetiu o golpe por pelo menos quinze vezes cada perna, até que já sentisse a canela um pouco dolorida, mesmo com o equipamento de proteção. O suor escorria pelo seu rosto e empapava a camiseta, mas aquilo de certa forma só a dava mais vigor para o treino. Ela se espantou com esse sentimento, como uma pequena e maravilhosa recém-descoberta.

O rapaz segurou seu tornozelo em pleno ar e ela quase se desequilibrou e caiu, por sorte seu pé esquerdo estava seguro no chão e seu corpo estava inclinado, oferecendo-a mais estabilidade. — Ótimo - o garoto deixou um sorriso malicioso surgir em seus lábios e Violett o fuzilou com olhar.

— Tudo bem, chega por hoje. Você está quase morrendo, vai tomar um ar - ele bateu palmas e deu as costas para ela. Violett suspirou aliviada e se jogou deitada no chão, respirando fundo com mais esforço do que gostaria. Retirou o equipamento de proteção da perna e começou a massagear o local que se avermelhara.

tdo not be shy with the heat, it will not be this way that you will melt.

I. espada.

Violett adentrou ao espaço de treinamento acompanhada de Zoey, uma colega que fizera no acampamento que tinha alguns verões de experiência. O suficiente para ensinar algumas coisas para a novata. Tipo: como não se matar utilizando uma espada.

Zoey ajudou a escolher uma que tivesse um bom equilíbrio com o corpo de Violett, comentando a respeito da necessidade de se sentir a vontade ao manejar uma espada, como se ela fizesse parte de seu braço. Violett, pequena do jeito que era, duvidava que tivesse alguma espada tamanho infantil pra ela, mas não expôs nada. — Os movimentos vêm do nosso instinto de sobrevivência, assim como animais. Somente fique calma e siga seus instintos, sei que fará a coisa certa – ela disse, tentando a tranquilizar.

Começando com o ataque, Violett segurou a espada com a mão direta então avançou um passo pra diminuir a distância entre ela e Zoey, que só defenderia por hora. De espada em riste, avançou outro passo inseguro e investiu a lâmina contra o braço de Zoey. Ela viu nos olhos de Zoey, pela tamanha rapidez que a menina havia reagido, que aquele era um movimento muito óbvio. Zoey repeliu o ataque, impondo sua espada contra a de Violett, que cambaleou para trás. — Seja firme, sempre. Seus pés precisam ser parte do solo – ela disse.

Violett apertou os dedos em torno da empunhadura lisa e investiu novamente, tão rápido quanto ela conseguia, tendo como alvo o ombro de Zoey. Avançou na diagonal e, nos últimos segundos, mudou a posição da lâmina para a vertical. Zoey deu um pequeno sorriso ao defender o golpe. — Bem, a execução foi uma merda, mas a estratégia é boa. É sempre algo válido brincar com a mente inimiga, fazê-la crer que irá fazer uma coisa, mas fazer outra. Mas é extremamente complicado fazer isso com perfeição.

— Imagino que os monstros que vocês lutam não sejam como os animais que eu custava caçar – comentou Violett. Ela tentou atacar o flanco direito de Zoey, porém foi repelida por um golpe contra seus dedos que seguravam a empunhadura da espada. — Você não faz ideia - respondeu Zoey. Violett mudou de flanco, indo atacar o outro que parecia ter ficado desprotegido pela movimentação de Zoey. Ataque ruim e desajeitado, mas Zoey demorou um pouco mais para defender esse, o que Violett julgava ser algo positivo.

Violett investia em Zoey, cada rechaçar de espada uma movimento diferente e mais ousado que o último... Zoey, é claro, sempre defendia com maestria, porém aquele treinamento estava era pra Violett se acostumar com a arma, para se sentir confiante... E até que estava dando certo! Seu aperto na empunhadora estava mais firme, e sua postura mais séria e atenta, apesar de seus golpes ainda serem lastimáveis.

Tentando algo mais diferente do que vinha fazendo, Violett se agachou e tentou acertar os joelhos de Zoey com a espada, ficando meio surpresa quando ela deu um pulo tão alto que a lâmina cortou somente o ar. A semideusa se levantou, golpeando para cima e quase acertando o queixo de Zoey, que recuou e encaixou sua própria espada contra a empunhadura de Violett. Foi tão fácil Zoey desarmar a semideusa, apenas uns poucos movimentos com os dedos fizeram o aperto ceder e a arma cair no chão. Zoey chutou a espada pra longe.

— Tudo bem, você é apenas uma inciante, não foi tão ruim. Ainda está inteira! E não está sangrando! Vamos fazer uma pausa e depois continuamos – disse Zoey, dando uma batidinha no ombro de Violett. Naquele momento, parecia impossível para Violett fazer qualquer daquelas coisas incríveis que os outros semideuses faziam com suas espadas.